Como lidar com a Fibromialgia em 8 passos

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Por muito tempo a Fibromialgia foi apresentada sob muitos nomes, incluindo o mais inapropriado, ou seja, fibrosite (CHAITOW, 2002). Durante décadas foi conceituada como distúrbio psicológico ou como síndrome dolorosa regional.



Segundo Heymann et al. (2010), a Fibromialgia é uma das doenças reumatológicas mais comuns, se manifesta principalmente com dor musculoesquelética difusa e crônica, não inflamatória. Sendo esta condição, dolorosa, mas não-deformante.

É comum os pacientes relatarem que não há nenhum lugar do corpo que não doa, ou que dói da cabeça às pontas dos pés. É grande a sensibilidade ao toque e, também, espontaneamente em determinados pontos do corpo.
De acordo com Heymann et al. (2010), os pacientes costumam queixar-se, além da dor, de fadiga, sono não-reparador, rigidez matinal, parestesias de extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos. Há nesses pacientes uma marcante discrepância entre a quantidade e intensidade de sintomas e os resultados dos exames laboratoriais apresentando padrões de normalidade.
Como a Fibromialgia é uma doença em que as sensações são amplificadas, essas queixas são comuns, como se esses pacientes tivessem um controle de volume desregulado e suas percepções exacerbadas.
A Fibromialgia também pode aparecer depois de eventos graves na vida de uma pessoa, como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção grave.





Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2011), algumas situações como: excesso de esforço físico, estresse emocional, alguma infecção, exposição ao frio, sono ruim ou trauma podem piorar as dores em quem tem Fibromialgia.
As estimativas de prevalência da Fibromialgia datam a partir da década de 1980. Segundo Carvalho e Rego (2001), ocorre em cerca de nove mulheres para cada homem, mas acomete, também, crianças, adolescentes, idosos e pessoas de melhor nível educacional e maior poder aquisitivo.
No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2011), as estimativas mostram que a Fibromialgia está presente em cerca de 2% a 3% da população.

Diagnóstico

O diagnóstico da Fibromialgia é essencialmente clínico. O médico, ao examinar o paciente observa através da digitopressão a presença dos 18 tender points (pontos dolorosos) e obtém informações essenciais sobre os sintomas mais importantes.
Alguns exames laboratoriais são solicitados para exclusão de outras condições que apresentam sintomas parecidos aos da Fibromialgia ou doenças concomitantes.

Manifestações Clínicas Associadas

Vários outros sintomas ocorrem com frequência na Fibromialgia, tais como alodínia e hiperalgesia (percepção dolorosa frente a estímulos não-dolorosos e exagero da percepção dolorosa, respectivamente), enxaqueca, síndrome de Raynaud e outras patologias crônicas, tornando difícil o diagnóstico diferencial (AGUIAR, 2008). Contribuindo para o sofrimento e a piora da qualidade de vida.
De acordo com Carvalho e Rego (2001), a fadiga é uma alteração que ocorre em quase todos os pacientes, mais frequente pela manhã e fim de tarde com queixas concomitantes de astenia, mal-estar geral, “sensação de resfriado”, desinteresse por sexo e “fraqueza muscular”. A intensidade da fadiga e da astenia podem servir de parâmetro para avaliar a melhora clínica do paciente e a eficácia do tratamento.
Segundo Heymann et al. (2010), as comorbidades mais frequentes apresentadas por esses pacientes são: a depressão, a ansiedade, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome miofascial, a síndrome do colón irritável e a síndrome uretral inespecífica.
Tanto a ansiedade quanto a depressão influenciam negativamente a Fibromialgia. Se os pacientes não forem bem tratados do quadro depressivo os níveis de dor serão mais elevados, sendo a piora real e não “psicológica” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE FIBROMIALGIA, 2011).
A Fibromialgia pode associar-se a qualquer doença sistêmica sem invalidar o seu diagnóstico.
Várias outras alterações, de acordo com Carvalho e Rego (2001), podem ainda ser encontradas como: hipersensibilidade alimentar, reações alérgicas a medicamentos, sinusites crônicas, disúria, urticária, prurido, disfunção temporomandibular, síndrome de dismenorreia primária etc.
Segundo o Consenso Brasileiro do Tratamento da Fibromialgia (HEYMANN et al., 2010), o tratamento inclui o medicamentoso com antidepressivos e analgésicos e não-medicamentoso, como atividade física e intervenção psicológica, sendo a terapia cognitivo-comportamental o suporte indicado.

8 passos para lidar com a Fibromialgia:

1) Tratamento medicamentoso. O tratamento medicamentoso varia de compostos tricíclicos, antidepressivos, analgésicos e neuromoduladores. O mais importante é que, de maneira alguma, o paciente se automedique. Todo medicamento deve ser tomado sob orientação do seu médico.

2) Tratamento não medicamentoso. Os pacientes devem ser orientados à prática de exercícios físicos regulares. Porém, os programas de exercícios devem ser orientados e individualizados. A progressão dos exercícios deve ser lenta e gradual e de acordo com as necessidades de cada paciente. Caminhadas, hidroterapia e alongamentos são indicados.

3) Terapia Cognitivo-Comportamental. Este é o suporte psicoterápico mais indicado para os pacientes com Fibromialgia. O objetivo do tratamento é fazer o paciente dominar o problema, identificando e corrigindo pensamentos distorcidos. O paciente é ensinado a identificar seu pensamento habitual relacionado à dor, substituir por pensamentos mais adequados e a usar estratégias para aliviar o sofrimento.


4) Respeite seus limites. Aprenda a solicitar ajuda. Não tente fazer todas as atividades diárias de uma só vez. Reconheça que precisa de ajuda, peça-a e fracione os afazeres no decorrer do dia ou da semana. Não tente ser “super” ou carregar o mundo nas costas.

5) Distraia-se. Opte por atividades que lhe tragam prazer, como ver um filme, ler um livro, ouvir música, pintar um quadro ou tantas outras coisas. O objetivo é relaxar, tirar o foco da dor e aumentar a sensação de bem estar.

6) Reduza o estresse. Pode parecer difícil a princípio, mas existem alguns fatores estressantes que podem ser reduzidos e você os conhece melhor do qualquer outra pessoa. Respire profundamente e respeite as pausas para descanso.

7) Faça a higiene do sono. Reduza alimentos ricos em cafeína, diminua a quantidade de luzes acesas à medida que se aproxime a hora de dormir. Inclusive as luzes do quarto, como TV e computador.

8) Mantenha o pensamento positivo. Esta é uma forma de manter a ansiedade e a depressão o mais longe possível. E quando os dias forem difíceis, busque ajuda, converse com alguém.

Para garantir uma boa qualidade de vida, deve-se ter hábitos saudáveis, cuidar bem do corpo, ter uma alimentação equilibrada e relacionamentos saudáveis. Ter tempo para lazer e vários outros hábitos que façam o indivíduo se sentir bem, que tragam boas consequências, como saber lidar com situações estressantes, definir objetivos de vida e fazer com que a pessoa sinta-se no controle de sua própria vida.

Referências:

AGUIAR, R. W. Qualidade de vida e mecanismo de defesa em pacientes femininas com fibromialgia com ou sem depressão, 2008. Dissertação (Pós-Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria Mestrado) – Faculdade de Medicina de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Porto Alegre. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/14063/000657787.pdf?sequence=1Acesso em: 14 jan. 2014.

CARVALHO, M. A. P.; REGO, R. R. Fibromialgia. In: MOREIRA, C.; CARVALHO, M. A. P. (org.). Reumatologia: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S. A., 2001. p. 247-260.

CHAITOW, L. Síndrome da fibromialgia: um guia para o tratamento. Barueri: Manole, 2002.
HEYMANN, E. R. et al. Consenso Brasileiro do tratamento da fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, Janeiro/Fevereiro, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0482-50042010000100006&script=sci_arttext. Acesso em 29 nov. 2013.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Fibromialgia: cartilha para pacientes. São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.reumatologia.com.br/PDFs/Cartilha%20fibromialgia.pdf. Acesso em 29 nov. 2013.

About the Author Maria Lúcia Tavares

Sou psicóloga e palestrante. Criei uma comunidade no Facebook "Sabia só que doía" para divulgar a fibromialgia e levar informação e esperança a quem se encontra nessa condição. / Instagram: malutavarespsicologa

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