Uma reflexão acerca do sofrimento

“As pessoas sofrem. Elas não têm simplesmente dor – o sofrimento é muito mais que isso. Os seres humanos lutam contra suas formas de dor psicológica; suas emoções e pensamentos difíceis, suas lembranças desagradáveis, e suas necessidades e sensações não desejadas. Elas pensam nisto e se preocupam com isto, têm ressentimento disto, antecipam e temem isto (…)” Hayes e Smith, 2005.





O sofrimento está presente na vida do ser humano desde o do seu nascimento. Ao nascer, nos deparamos com o sofrimento da ruptura com o espaço aconchegante que é o útero da mãe. Lugar este que proporciona conforto, alimentação, sensação e percepções confortantes. Um recém nascido sofre ao respirar pela primeira vez, sofre com o frio, com as novas sensações que há de experimentar e constantemente sofre com as novas descobertas que terá que enfrentar daí por diante. A cada dia vivenciamos essa sensação, por decepções amorosas, perdas, doença, desemprego, etc.

Acredito que o sofrimento seja um processo pelo qual todos nós precisamos passar, mas, que apesar disso, é essencial para a nossa sobrevivência. Até mesmo porque ele nos oferece formas de aprendizagem constante. Como saberíamos o que é ruim sem ter experimentado algum sentimento ruim? Como sei se gosto ou não de um alimento se eu nunca o experimentei?





É claro que ninguém gosta de sofrer, mas o sofrimento é inevitável. O que podemos fazer é retirar algumas coisas positivas de todo esse processo. Um bom exemplo disso é quando uma pessoa termina um relacionamento, o que não deixa de ser um processo de luto, pois foi uma perda. A pessoa sofre dias e dias, às vezes, anos e anos. E com o passar do tempo percebe que o sofrimento não acabou, mas apenas diminuiu. A dor se amenizou, as lembranças já não são tão intensas como antes, ou seja, houve uma nova adaptação na forma de viver. A dor pode até desaparecer com o tempo, mas para isso, houve um processo de readaptação no qual o indivíduo aceitou e utilizou estratégias para sobreviver a esse estado psíquico. Tudo isso respeitando aos processos desse luto. Pois, não adianta pular as suas etapas.

Existem outras formas de controlar o sofrimento, ou até de se livrar dele. É refletindo sobre o que nos causa essa dor. Muitas vezes sofremos com o desnecessário, por conta de nossas crenças disfuncionais, pensamentos negativos que influenciam a nossa maneira de ver o mundo, de ser e de sentir. Será que eu estou interpretando o mundo da forma como ele é? Ou da forma que eu vejo?





Vejo constantemente pessoas que terminam um relacionamento e imediatamente partem “pra outra”, com a ilusão de que tudo passará. De fato, pode passar, mas tudo ao seu tempo. No meu ponto de vista, o sofrimento nos fornece memórias, lembranças que se tornarão parte da nossa vida para sempre. São memórias que talvez possam ser esquecidas, enfraquecidas ou que poderão ser utilizadas para não cometermos os mesmos erros futuramente, mas para isso, não podemos nos esquecer que foi preciso passar pelo sofrimento. Afinal sem ele como teríamos acesso a essas lembranças?

O que ocorre na maioria dos casos é uma substituição do problema. Transferimos um sentimento que tínhamos de uma pessoa para a outra, tanto é que vejo muitos casais comparando o seu parceiro ou parceira com o seu/sua “ex”. Isso, no meu ponto de vista, ocorre porque não houve a superação, ou seja, o processo do luto aqui ainda não foi concluído.

Respeite a sua dor, não queira pular etapas. O bom disso tudo é saber que a dor que se sente hoje, será diminuída, superada, apagada ou esquecida, basta respeitar o seu tempo. Utilize-a como experiência e aprenda com ela.

About the Author Tamiris

Psicoterapeuta.

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