4 coisas que você pode dizer para ajudar alguém com depressão

Há, nesse texto, 4 coisas que você pode dizer para alguém com depressão e que podem significar apoio e possibilidade de auxiliar a cura. Essas quatro frases afirmativas trazem em si um significado muito mais abrangente do que as palavras, de maneira individual. A postura, a linguagem corporal, o modo como se diz… são elementos muito mais importantes do que o que é dito. O “como”, nesses casos, é tão importante quanto “o que”  se diz. Portanto, não apenas diga. Mas acredite naquilo que diz.





Há pessoas que, com seu comportamento, suas palavras e seu modo de entendimento, agravam o estado de saúde de outras pessoas. Enquanto poderiam significar apoio, possibilidade de contribuir para a cura de alguém com depressão, acabam desenvolvendo um sistema nocivo para quem já está doente. Às vezes, um olhar de descaso, um aceno de descrença ou uma palavra que desmotiva, acarretam uma avalanche de tristezas e sofrimentos sem que a pessoa saiba que o seu padrão comportamental foi o que desencadeou esse processo. Por outro lado, há pessoas que são como o sol em um dia nublado e triste. Essas têm a capacidade de iluminar o dia, de tornar mais leve o fardo dos outros e de melhorar qualquer jornada que precise ser cumprida. Queremos que mais pessoas com essas últimas características se descubram assim.





Também queremos que mais pessoas que, inadvertidamente, prejudicam alguém com depressão, tenham as ferramentas necessárias para identificar e mudar suas atitudes, tornando-se uma influência positiva na vida do outro. Para tanto, há que se desenvolver a empatia, ou seja, a capacidade de colocar-se no lugar do outro, sentir o que o outro sente, ver com os olhos dele e alterar a percepção. Para muitos, é uma questão de treino. Para outros, é um desafio hercúleo. mas que pode ser vencido. O primeiro deles é entender que depressão não é questão de vontade ou falta dela, nem é uma questão de religiosidade, cor ou gênero (no sentido de ser frescura feminina) ou outra baboseira que falam “mundo afora”.

Em entrevista, Moreno (2011, p. 01) – que é psiquiatra e professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo – caracteriza psiquiatricamente a depressão, evidenciando-a como doença e distinguindo-a de tristeza, ou da carência da vontade de se ajudar, segundo muitos leigos por aí… De acordo com este pesquisador:

“No cérebro existem células nervosas, os neurônios, e substâncias químicas que estabelecem a comunicação entre elas, os neurotransmissores. Em condições normais, a quantidade dessas substâncias é suficiente, mas ela cai consideravelmente durante a crise de depressão. Os medicamentos antidepressivos aumentam a oferta de neurotransmissores e promovem a volta ao estado normal do paciente. O tratamento da depressão mudou muito com a descoberta desses medicamentos que provocam algumas modificações químicas no cérebro pela oferta de substâncias mediadoras que estabelecem a comunicação entre uma célula nervosa e outra durante o processo de transmissão dos sinais. No deprimido, os níveis dos neurotransmissores são baixos. Os antidepressivos bloqueiam o mecanismo de recaptura (impedem que os neurotransmissores retornem à célula de origem) o que aumenta a quantidade dessas substâncias nesse espaço virtual entre os neurônios.”

1. Estou aqui.

A solidão é um elemento que agrava a depressão. O simples fato de saber que há alguém do nosso lado já nos permite ter esperanças de melhorar. Dizer simplesmente que se está do lado de alguém que precisa de nós, de uma maneira firme e verdadeira, é muito melhor e mais eficiente do que enormes discursos de autoajuda que, na verdade, não ajudam nada. Colocar-se a disposição da pessoa, deixando-a saber com clareza, que somos companheiros “para o que der e vier” gera no outro, a percepção real de que não está sozinho. De que não é preciso enfrentar sozinho, seus demônios, suas tristezas e suas dores. Há quem estenda a fala e através de mil palavras e frases clichês prejudique alguém que quer ajudar. No entanto, se apenas se fizesse perceber como companhia, traria resultados mais positivos. Por vezes, calar-se e segurar a mão, demonstrando-se pronto para não dizer nada, e ainda assim conseguir ouvir o que o outro não consegue dizer é uma maneira segura de ajudar alguém a trilhar e a superar o caminho da depressão.

2. Não desista.





Evidentemente a depressão representa um bombardeio que vai minando a resistência da pessoa, fazendo com que ela desista de si e de tudo o que poderia representar a cura, a melhora. É como se, de repente, as luzes se apagassem e só restasse uma escuridão sem fim, no coração e na alma do sujeito. Dizer para alguém que há a compreensão desse fato, mas que é possível sair da situação, com apoio profissional, com perseverança e com a ajuda dos amigos é fundamental e pode ser decisivo quando o assunto é “vencer” a depressão. Não desistir implica em buscar ajuda e isso pode significar sim, tomar medicamentos, fazer uma atividade física, prestar serviço voluntário, trilhar novos caminhos profissionais e pessoais, plantar bananeiras, enfim, qualquer coisa que faça a pessoa se sentir melhor e, mais que isso, ficar melhor de verdade.

3. Aguente firme.

Há sempre a necessidade de se frisar que a pessoa necessita ser forte. Não para vencer ou para ignorar o estado depressivo em que se encontra. Ignorar não significa ser forte. Muitas vezes, o contrário é verdadeiro. Ou seja, precisamos reconhecer nossas fraquezas para seguir adiante, para superar, para progredir, para viver. Aguentar firme pode significar “enfiar a cara”, “torcer o nariz” e ter consciência de que por mais triste e sem saída que pareça a situação em que a pessoa se encontra, há uma solução. Aguentar firme representa a percepção adulta e sábia de que a noite é o prenúncio de alvorada. Por outro lado, aguentar firme também pode significar dizer com todas as letras que se necessita de ajuda, de colo, de um ombro, de uma mão amiga.

4. Tudo passa.

Há vezes em que a finitude de tudo é, realmente, uma benção. Saber que nada é eterno é, para alguns, uma tristeza, e para outros, um alívio. No caso da depressão, há a percepção errada mas bastante forte, de que a dor nunca terá fim, de que a sombra sempre encobrirá o sol e o peso dos ombros que carregam o mundo será eterno. Por isso, alguém com a sensibilidade e a sabedoria para dizer que mesmo que não pareça, tudo passa, é de grande ajuda. Ajuda muito quem diz que nada é pra sempre e apresenta para o outro uma fagulha de esperança.

About the Author Júlia Pereira Damasceno de Moraes

Mulher, filha, mãe, esposa, professora, educadora, eterna aprendiz. Graduada em Letras pela Universidade do Planalto Catarinense. Especialista em Leitura e Produção de Texto. Leitora inveterada. Aspirante a escrevente. Amante do saber e do conhecimento. Preocupada com o rumo que os adolescentes e jovens estão tomando e com a falta de referencial de vida para muitos dos alunos com os quais convive 12 horas por dia. Os pais se preocupam com o mundo que vão deixar para os filhos, mas não estão se preocupando com os filhos que vão deixar para o mundo. Isso é grave!

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