Nos envolvemos em relações tóxicas, que nos causam mais mal do que bem, porque nunca nos ensinaram sobre como é viver uma vida em casal. Não sabemos como gerir o turbilhão de emoções que são geradas quando nos apaixonamos, não sabemos como dar espaço para a pessoa quando queremos estar 24 horas ao lado dela, não sabemos como lidar com o medo do término do relacionamento e, principalmente, não sabemos como não amar alguém da forma exasperada e louca que a sociedade nos ensina.
Basta escutar algumas canções no rádio para perceber que a imagem que nos trazem do amor é extremamente prejudicial, é um amor dependente emocional, doentio e simbiótico.
Tanto os livros quanto os filmes e programas de televisão tentam promover esse amor patológico, e tornou-se cada vez mais comum as pessoas se envolverem em relacionamentos doentios, nos quais você se vê preso por regras de comportamento e se torna viciado pelo parceiro. Isso tira totalmente o sentido da finalidade de estar em um relacionamento.
Precisamos desejar o amor livre, tanto para a nossa saúde psicológica quanto para o bem-estar do nosso parceiro, e a única maneira de alcançar essa felicidade é livrando-se de todo o medo. As relações ocorrem no campo das incertezas, e quando não aceitamos essa realidade, sentimos medo, nos frustramos e sofremos na tentativa de controlar o incontrolável. Se realmente quisermos dispor de um amor saudável, precisamos estar dispostos a sofrer algumas perdas, mesmo que isso nos doa, porque amar é estar aberto para o que der e vier.
A dependência emocional não é “amor excessivo”, como muitos pensam, mas sim o excesso de medo. É um vício no qual o indivíduo sente-se incapaz de viver sem o outro, podemos identificar essa dependência principalmente em frases como “você é tudo para mim” ou “eu não sou nada sem você”. O relacionamento acaba se tornando como um vício: a urgência em consumir a “droga” é associada ao amor, surge a abstinência quando se está distante do parceiro, irritabilidade, compulsão, perda de interesse por fazer as coisas que fazia antigamente. O parceiro vira o centro da sua vida, praticamente o motivo da sua existência.
De acordo com Walter Riso, o núcleo de todo esse apego é a imaturidade emocional. As manifestações mais importantes da imaturidade emocional relacionadas ao apego emocional são: baixos limiares de sofrimento, baixa tolerância à frustração, e a ilusão de permanência, ou seja, a incapacidade de imaginar o fim do relacionamento. A pessoa que é emocionalmente imatura (mas que pode ser madura em outras áreas da vida) requer os cuidados de seu amado como uma criança de sua mãe. Sem a sua figura de proteção (parceiro) se sente perdida, assustada e desprotegida.
O primeiro passo é estar ciente de que o amor é um verbo e não um substantivo, como uma ação e não um estado imutável. O amor é um comportamento que efetuamos quando agimos de acordo com o bem-estar do outro, quando nos alegramos com as suas realizações, respeitamos os seus valores e damos espaço para o seu crescimento pessoal. Geralmente nos focamos mais em sermos amados do que em amar, precisamos de demonstrações de amor a todo momento e isso, além de infantil, é totalmente improdutivo, já que nunca poderemos entrar na pele do outro e fazer com que ele corresponda às nossas expectativas. Nesse caso é aconselhável que você abandone a tendência receptiva e assuma um comportamento pró-ativo. Em vez de reclamar que o seu parceiro não é carinhoso, comece a ser mais carinhosa/o com ele, aos poucos o seu parceiro ou parceira irá notar a diferença e começará a reproduzir o seu comportamento.
Se repetimos sempre as mesmas ações, obteremos sempre os mesmos resultados. Então para que a sua relação seja verdadeiramente transformada, você precisa mudar algumas coisas, principalmente os velhos padrões de “pseudoamor” que lhe impedem de desfrutar um relacionamento saudável.