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TDAH: consequências da medicalização da infância

Uma vez mais, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) causa polêmica e divide especialistas. Desta vez, os desencontros estão vinculados à prescrição médica de estimulantes a crianças e adolescentes e à tentativa de controle da mesma por parte da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

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Com o objetivo de impedir uma prescrição indiscriminada de metilfenidato, comercialmente conhecido como Ritalina ou Concerta, o município publicou uma portaria que limita a receita do medicamento (tarja preta) na rede pública. Quando se trata de crianças e adolescentes, somente poderá ser indicado por especialistas das unidades do Centro de Atenção Psicossocial à Infância (CAPSi). Parte da classe médica classifica a medida de interferência na rotina profissional, mas a decisão começa a encontrar ecos de apoio, principalmente pela gravidade das estatísticas recentes.


Segundo levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a prescrição de metilfenidato a meninos e meninas entre 6 e 16 anos aumentou 75% em apenas três anos. O fármaco é um psicoestimulante, utilizado para tratamento do TDAH, entre outros transtornos. Os dados se referem ao período entre 2009 e 2011, considerando o volume de unidades físicas dispensadas (UFD) em todos os Estados brasileiros.
O consumo do medicamento, de forma óbvia, coincide com um “boom” nos diagnósticos. Este ponto também divide especialistas, já que parte deles acredita numa crescente conscientização acerca do transtorno e outros defendem um excesso na classificação de comportamentos habituais e compreensíveis como TDAH.





As estatísticas assustam no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention, 11% das crianças entre 4 e 17 anos foram diagnosticados com TDAH, representando 6,4 milhões de meninos e meninas. Ainda conforme a associação, o total de diagnósticos vem aumentando 5% por ano, considerando o período entre 2003 e 3011.
O medicamento não é inofensivo
O uso deliberado do metilfenidato em crianças e adolescentes preocupa especialistas, entre outras coisas, por sua vasta lista de efeitos. De forma prolongada, poderia provocar problemas cardiológicos, afetar o apetite, diminuir a capacidade de socialização desse menino ou menina, além de aumentar os comportamentos obsessivo-compulsivos.
O estudo da Anvisa aponta ainda uma clara relação entre o período escolar e o consumo dos estimulantes, já que há quedas significativas nos meses de férias. É por isso que muitos defendem que o panorama atual revela uma prática socialmente recorrente, em que, muitas vezes, são os próprios pais que buscam a prescrição da Ritalina.





O principal problema estaria no entendimento equivocado dos sintomas, colocando a agitação motora e a falta de atenção como indicativos inexoráveis do TDAH. Alguns especialistas e teóricos afirmam que a hiperatividade na infância está atrelada ao processo de constituição dela mesma, reconhecendo-a como um indivíduo turbulento em sua essência. Ou seja, nem toda agitação ou quadros de falta de atenção deveriam ser vistos como doença.
Mas onde está o limite?


A discussão é profunda, entre aqueles que enxergam o TDAH como um transtorno relacionado a alterações cerebrais, e como tal deve ser tratado e eliminado com o uso de medicamentos estimulantes, e os que o defendem como um problema a ser interpretado e resolvido em suas múltiplas causas.
Isso porque, ainda que o diagnóstico recaia sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, haveria fatores múltiplos afetando as facetas comportamentais dessa criança ou adolescente, demandando diagnóstico e acompanhamento por vários especialistas: psicólogos, psicopedagogos, psicanalistas, educadores e outros , justamente para não enxergá-lo de forma isolada.

O que vem sendo feito e quais serão as posturas no futuro próximo reflete a problemática da saúde na infância e adolescência, com efeitos que afetarão a família, o sistema educativo e a sociedade como um todo.

Fonte: www.mundopsicologos.com

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