Quatro atitudes dos casais felizes

Couple walking hand in hand (blurred motion)

Manter uma relação longa e estável dá trabalho – é preciso tempo e esforço para compreender e apreciar a pessoa ao nosso lado, deixa claro o psicólogo John Gottman, um dos maiores pesquisadores das relações amorosas no mundo.





Professor emérito da Universidade de Washington, coordenou uma equipe que entrevistou casais ao longo de vários experimentos, alguns deles filmados. A análise dessas interações resultou em modelos, escalas e fórmulas para apontar fatores relacionados à estabilidade conjugal, o que valeu o popular apelido de love lab (laboratório do amor) ao Laboratório de Pesquisa Familiar liderado por Gottman. De acordo com o psicólogo, que discute sua trajetória de pesquisa no livro O que faz o amor durar (Fontanar, 2014), conflitos são inerentes a todo relacionamento. O que conta é a maneira de lidar com eles. “Um dos principais determinantes da felicidade em uma relação é a capacidade que ambos têm de reparar e sair de estados negativos”, diz. A seguir, algumas sugestões de Gottman em prol de uma melhor convivência e do fortalecimento do respeito e cumplicidade.

1. Pequenas atenções

Gottman constatou que casais felizes demonstram, em média, uma proporção de cinco interações positivas para cada negativa. “Isso praticamente saltou das páginas de análise de dados”, diz, explicando que essa relação é recorrente em relacionamentos, incluindo aqueles em que os envolvidos são bastante independentes, distantes ou críticos. Interações favoráveis podem ser gestos simples: “um sorriso, um aceno de cabeça ou apenas um grunhindo para mostrar que está ouvindo a pessoa amada”, sugere Gottman.

2. Lidar com conflitos de interesse

O psicólogo evoca o “equilíbrio de Nash”, conceito utilizado para compreender a lógica dos processos de decisão e ajudar a resolver conflitos de interesse na economia, na ciência política e na sociologia. Por muito tempo, foi amplamente aceita a ideia de que as negociações eram, em sua maioria, situações de soma zero, ou seja, para um ganhar o outro teria de perder. Nos anos 50, porém, o matemático John Nash provou, usando a teoria dos jogos, que havia outra proposta: em um contexto em que nenhum jogador pode melhorar a sua situação dada a estratégia seguida pelo jogador adversário, a melhor estratégia é não investir no prêmio maior. O princípio, também conhecido como equilíbrio cooperativo, rendeu a Nash um Prêmio Nobel em 1994. No campo dos relacionamentos, esse equilíbrio pode ser traduzido por cooperar para encontrar soluções parcialmente vantajosas para ambos e não apenas para uma das partes. Em outras palavras, os interesses do casal se sobrepõem aos individuais.

3. Olhar e ouvir





“Buscamos chamar a atenção e o interesse da pessoa amada o tempo todo”, diz Gottman. Em sua pesquisa, ele descobriu que os casais felizes (pelo menos durante os primeiros sete anos) percebem essas investidas e retribuem em 86% das vezes. Os que se divorciam respondem apenas 33% do tempo. “É o momento em que optamos por ouvir nosso par desabafar sobre um dia ruim em vez voltar a atenção para a televisão”, exemplifica a psicóloga Dana R. Baerger, professora assistente de psiquiatria clínica e ciências comportamentais na Escola Feinberg de Medicina da Universidade Northwestern. “Temos a escolha, em qualquer interação, de nos conectarmos com nosso parceiro ou não. A constância da segunda opção pode, ao longo do tempo, corroer lentamente o relacionamento, mesmo sem haver um conflito claro.”

4. Valorizar aspectos positivos

A observação de casais em suas casas revela que os indivíduos que se concentram nos aspectos desfavoráveis não conseguem enxergar ações positivas do companheiro. Uma característica nítida dos casais felizes é que procuram relevar os aborrecimentos e focar no lado agradável da relação. “Se um dos dois acorda irritadiço em uma manhã, por exemplo, isso não é motivo suficiente para virar uma discussão”, ilustra Gottman. “Em uma situação como essa, você pode tentar perceber algo de positivo na pessoa que não está de bom-humor e comentar.” O mal-estar tem boas chances de passar, o que é vantajoso para ambos.
 

Fonte: MenteCérebro

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