Herói que nada, no Brasil a moda é a do vitimismo

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(…)

Estamos hipnotizados

Querendo ser DJs e radialistas

Dramaturgos e cineastas

 

Nós deveríamos ser a esperança

_que geração ridícula esta

Que jurou jamais prometer

O que não pudesse cumprir

 

Os pássaros cantam às

Seis da manhã

Aqui no Rio de Janeiro_

Você é o único responsável

 

Jogue fora os atalhos

Tente não culpar mais ninguém

(Paulo Scott – Talvez numa carta)





Tem-se dito muito que a corrente filosófica que representa nossa sociedade atual é a do Vitimismo. Gente que entende de se fazer de coitado; é o que leva muita gente aos advogados, tudo atinge aos oprimidos, processa-se por tudo. Vitimismo é o elemento por trás da maioria das ideias atuais.

Então descubra agora se você também é um coitado.

Palavras como: opressão, injustiça social, preconceito e bullying invadem o discurso dos coitados, se há algum por perto qualquer coisa que você diga pode ser entendida como agressão verbal, nossas relações atuais marcam o fim das preferências, pois qualquer coisa que se diga pode ser tomada por preconceito!

Aliás, a palavra preconceito passa por uma triste banalização.

Os coitados são de uma geração que se utiliza de vários artifícios para dar sentido às suas vidas e arrumam por aí uma carteirinha de vítima social. Defendem qualquer causa e adoram ser chamados de minorias. O mais difícil é que agora vivemos a era das diferenças que não fazem a menor diferença, então os coitados têm conteúdo pragmático de sobra para suas reivindicações.

O discurso mais recorrente dos coitados é o de que o capitalismo é o responsável por todas as desgraças do mundo e que a desigualdade social é a produtora de todo mal.

A maioria fala disso em mesa de bar pra parecer inteligente, grande parte dos críticos do capitalismo não gosta de usar a mesma roupa duas vezes, são exemplos do mundo do consumo ou aderem a uma aparência de desleixo proposital, acreditam piamente que não comer carne vai ajudar muita coisa e não vivem sem Netflix.

Esquecem que o maior idealista de uma sociedade igual e homogênea foi Adolf Hitler e não assumem que as más qualidades humanas são inerentes à espécie e que a sociedade lida com isso de uma forma ou de outra.





Nunca foi tão fácil a difusão de ideias, todos têm a possibilidade de falar e de se expressar, criticar e ser criticado. Fala-se tanto, nossas falas são inúmeras, indo e vindo em várias direções, se amontoando em um aglomerado de falas que não dizem nada. É mínimo o número de discursos atuais que têm o poder de transformar, o resto é intriga and bullshit!

O que fazem os coitados no dia em que não há uma intriga contra isso ou a favor daquilo, no facebook? Permanece um mistério.

Quem não conhece aquela galera que fala de África o tempo todo? Sabem o nome do país da vez, pois dizer só África é considerado preconceito; sabem tudo de vários países em crise, postam vídeos de crianças famintas, às vezes com oração junto, no facebook… Quando juntam dinheiro para as férias, todos pensam que eles enfim vão para África fazer trabalho voluntário. Não, vão pra Paris mesmo. E as pessoas famintas morando na rua da casa deles, são consideradas marginais.

Na sociedade do espetáculo, todos valem enquanto valor de exposição.

Infelizmente os coitados se apropriam de tristes realidades para fazer valer sua exposição; para ganhar likes, para chamar a atenção para si; estão de vítimas nos escritórios de advocacia, no mercado de trabalho… Apenas reivindicam direitos, deixando os deveres à margem. Observam e dizem alguma coisa, são protagonistas em pequenas intrigas, pois algo importante e transformador exige responsabilidade e força que não é para coitados.

About the Author Mariana Ribeiro

Aspirante a muitas coisas, amante da psicanálise, escritora por natureza, fadada a duvidar, viajadíssima dentro de si. "Ismos não são bons".

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