Valor da Consulta: Como Definir?

Ao iniciar minha trajetória como Psicóloga Clínica, percebi o quanto somos desvalorizados. E isso infelizmente acaba nos desmotivando, pois o valor a ser cobrado deve ser “acordado” entre Psicólogo e paciente, podendo inclusive variar de um paciente para o outro. O problema é que hoje em dia as pessoas sempre querem ter vantagem em tudo, o que dificulta esse “acordo”. Mas como assim “acordo”?
Vamos partir do início!


Quando iniciamos um negócio (sim, um negócio) precisamos fazer pesquisas. Um consultório de Psicologia, mesmo o mais simples, tem custos. Dentre eles: aluguel, condomínio (no caso de prédio), taxas da prefeitura, testes a serem comprados, material de trabalho, divulgação, luz, água, mobília… É tanta coisa para apenas iniciar o consultório que precisamos ter certeza que estamos no lugar certo, se possível de fácil acesso, e que teremos público. A não ser que você tenha condições financeiras para fazer atendimentos “sociais”, aí a história já é outra… Nesse momento estou falando de alguém que realmente queira ter um consultório e que ele seja uma fonte de renda.
Primeiramente digo que não é fácil, mas também não é impossível! Começamos olhando a comunidade a nossa volta. Que tipo de público eu tenho? Um PSI com consultório em Rocha Miranda (RJ) não deve cobrar o mesmo que um PSI com consultório em Copacabana (RJ). Não que em Rocha Miranda não tenha pessoas com bom poder aquisitivo e em Copacabana não tenha pessoas mais necessitadas, mas é uma questão de estatística. Por isso o local é extremamente importante. E, após todas as pesquisas feitas, você decidiu abrir um consultório e já tem um local.
E a partir daí, o que fazer? Como definir então meus valores?
O fato é que o Psicólogo NÃO pode, em hipótese alguma, anunciar valores. Não podemos fazer propagandas como “1ª consulta grátis”, nada que faça referência ao valor da consulta. É uma questão ética, está em nosso Código de Ética, e apesar de vermos profissionais que o fazem, não devemos fazer, pois eles estão cometendo um erro arriscado para suas carreiras. E então a divulgação precisa ser feita de outras formas, é preciso buscar pacientes de forma mais inteligente, sem usar o artifício do valor, que é algo realmente bastante utilizado nesse período de crise financeira.

Como nos sentimos desvalorizados e nos deparamos com a dificuldade de conseguir pacientes, acabamos cobrando valores “populares” em nossos consultórios particulares e, com isso, nos desvalorizando ainda mais. Isso acontece porque o senso comum ainda acredita que a Psicologia é para “loucos”, para “dondocas”, e que apenas ficamos lá ouvindo e “dando conselhos”. Sendo assim, precisamos pensar nos anos de estudo, nos livros lidos, valores e tempo gastos para a nossa formação, em quanto investimos e continuamos a investir para manter essa profissão. Antes mesmo de investir em um consultório já estamos investindo na Psicologia, lutando contra o senso comum. Os estudos e pesquisas não param! Não podemos deixar que a falta de informação e o “tabu” que muitos colocam acerca de nossa profissão determinem nosso valor como profissionais!


Voltemos ao questionamento do primeiro parágrafo… O valor da consulta deve ser “acordado” com o paciente. Pensei muito sobre isso no início de minha carreira e cheguei à conclusão de que isso é bom, é ótimo ser obrigatório. Seria maravilhoso que outros profissionais da área médica também tivessem essa prática, pois assim a saúde de qualidade talvez estivesse mais ao nosso alcance. Claro, isso serve para o Psicólogo que escolheu essa carreira por gosto, por ideologia, ou qualquer outro sentimento que não o “amor ao dinheiro”, senão acabará não funcionando da forma que deveria. E a esses eu humildemente indicaria que pensassem em outro segmento da profissão. Por que o valor deve ser acordado? Porque ele deve ser adequado às condições financeiras do paciente e, sendo assim, é JUSTO. Na primeira consulta, você faz a anamnese e já define valores. Não vai cobrar o mesmo valor para diferentes rendas, por exemplo: R$ 1500,00 e R$ 500,00. Está aí a justiça!
O CRP RJ divulga uma tabela de honorários com mínimo e máximo, mas eles mesmos informam que não é necessário seguir à risca. Afinal, se você quiser fazer um atendimento gratuito, não é proibido. Por experiência própria digo que não necessariamente é o valor que mantém o paciente no tratamento, pois já tive situações em que pacientes desempregados tinham consciência da necessidade de continuar a terapia e conseguiram uma solução. Não se desvalorize cobrando menos para manter o paciente, pois isso definitivamente não funciona. Pense que esse é o seu trabalho! Mas por exemplo, se o paciente não tiver condições de pagar, você deixará de atendê-lo? Se ele quiser parar é uma opção dele, mas se der qualquer indício de que quer continuar, qual será sua postura? É algo que deve ser pensado…

About the Author Samira Oliveira

Meu nome é Samira Oliveira. Sou Pedagoga e Psicóloga. Especialista em Psicopedagogia, Psicologia Educacional e Psicologia Positiva. Sou também autora de livros voltados para a educação e para a psicologia. O objetivo dos meus textos é trazer informação aos leitores, com uma linguagem de fácil compreensão.

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