3 coisas sobre a capacidade de dizer NÃO!

Há, neste amontoado de palavras, a descrição de três fatores que podem transformar sua vida, a partir do momento em que você decida respeitar-se, respeitar seus limites e fazer com que todos entendam que há limites sim, quando o assunto é você!

De acordo com Grün & Robben (2010, p. 8-9),





Sem a capacidade de delimitar o seu espaço, torna-se impossível perceber-se a si mesmo enquanto pessoa, nem se desenvolver nesse sentido. (…) Por intermédio da minha voz, do ato de falar, alcanço a outra pessoa e, desta forma, acontece o encontro, que para ter êxito exige bom equilíbrio entre limite e transgressão, proteção e abertura, demarcação do próprio espaço e entrega. Preciso conhecer o meu limite para poder transgredi-lo repetidamente no sentido de aproximar-me do outro.

Assim, analisar a capacidade de dizer NÃO como um exercício de autoconhecimento e de autopreservação implica em analisar a possibilidade de conhecermos nossos limites e decidirmos se estamos confortáveis com eles ou se queremos, por qualquer razão, ultrapassá-los.
Portanto, aqui você lerá sobre 3 coisas que precisa saber sobre a capacidade de dizer NÃO!





1. Saber dizer “NÃO”, é libertador!

Você sabe dizer não? Saber pronunciar na hora certa essa palavrinha de três letras é, de fato, libertador! Saber dizer “não” significa conhecer e respeitar os próprios limites e, mais do que isso, fazer com que os OUTROS reconheçam e respeitem esses limites. Assim, quando você para de dizer SIM para coisas, ideias ou pessoas que não te importam muito, você se percebe mais livre e mais apto para escolher e dedicar-se às coisas, ideias ou pessoas que verdadeiramente ocupam lugar de importância em sua vida. Em uma época em que se fala em Síndrome do Pensamento Acelerado, em sociedade nonstop, em uma vertiginosa produção e transmissão de informações, é bem fácil de perdermo-nos em meio a um aglomerado de ideias inúteis e coisas sem sentido que precisam ser feitas. Também fica fácil (e perigoso) de sermos levados pela vida do mesmo modo que as folhas que caem das árvores são levadas pela correnteza de um rio.
Há sempre aqueles indivíduos que estão à espreita de uma vítima. Alguém bondoso demais, desprevenido demais ou inseguro demais para conseguir negar com veemência um pedido que não queira atender, um favor que não queira fazer ou, mesmo na vida profissional, um serviço que não queira prestar… Há sempre alguém querendo se “aproveitar” da bondade ou da ingenuidade alheia! É preciso, pois, aprender a transformar-se, a libertar-se de tais parasitas emocionais! Se alguém tem facilidade na escola?! Bum! É oficialmente promovido a “fazedor” de trabalhos em grupo. Se em casa uma pessoa é craque na hora de organizar a casa, Bum! É oficialmente promovida a “organizadora” de todas as bagunças! Isso não significa delegar funções e dividir atividades! Significa omitir-se e explorar as aptidões dos outros, para permanecer em uma prática nociva para si e para os outros.





Também há aqueles que, antes de requisitarem ajuda, saibam manipular a situação, de tal forma que seja muito difícil negar qualquer pedido que venha depois da adulação e dos agrados premeditados e hiper intencionais! Pois é necessário crescer! Libertar-se da insegurança e bradar sem receio algum, um NÃO bem sonoro e pronunciado… Isso vai desde o empréstimo de roupas e sapatos até a manutenção de relacionamentos afetivos. Saber dizer NÃO, portanto, é tão importante quanto saber dizer SIM.
Essa palavra traz consigo muitas outras palavras:
Não serei mais um fantoche! Não serei mais sobrecarregado! Não farei mais coisas que não me agradam apenas para agradar aos outros! Não deixarei que decidam por mim! Não quero concordar com tudo o que os outros dizem! Não sou Maria-vai-com-as-outras! Não serei mais manipulado e só direi SIM, quando realmente quiser fazer isso!

2. Saber dizer NÃO, não é impossível!

Há quem, ao ler sobre tal necessidade, fique inconformado com o modo como tem conduzido seus dias ou sido conduzido por eles. É mesmo capaz de pensar não ser suficientemente forte para mudar hábitos e resgatar o controle de si e de suas escolhas. No entanto, é importante que lembremo-nos que a vontade é metade da conquista. Querer é a chave.
Disciplinar os pensamentos é uma forma segura de começar a racionalizar o comportamento que, via de regra, assume características de um piloto automático. A tudo, dizemos sim. Aos convites para sair, quando preferiríamos ficar em casa e ler um livro. Ao namorado, dizemos sim, mas não porque queremos fazer isso, e sim, porque já estamos tão habituados à concordância, que não somos seguros o suficiente para dizer NÃO. Mas é possível a recuperar a habilidade de tomar decisões ao invés de assumir a mesma resposta para tudo.

3. É preciso descobrir o que nos faz dizer sempre SIM, mesmo quando isso nos agride emocionalmente, psicologicamente e/ou fisicamente!





Quando fazemos um trabalho na escola, que deveríamos ter feito em grupo, mas os outros integrantes não participaram, e atendendo a pedidos, ainda assim colocamos os nomes deles, estamos exercendo nosso direito de escolha. Mas estamos fazendo isso por camaradagem, ou porque não suportamos a ideia de que os outros se zanguem conosco? Quando encobrimos mentiras dos outros ou deixamos que nos guiem por meias verdades fazemos isso para que os papeis sejam mantidos, ou porque não suportamos a ideia de vivermos sem as migalhas que os outros nos lançam de quando em vez? Quando mantemos uma relação fadada ao insucesso, fazemos isso porque nos recusamos a desistir ou porque temos medo de ficarmos sozinhos?
A ideia de rejeição nos assusta e, verdadeiramente, deveria assustar. Ninguém deveria ser rejeitado no mundo inteirinho! Ninguém deveria padecer do medo da infelicidade! Ninguém deveria ser obrigado por si, pelas circunstâncias ou pelos outros a concordar com coisas que não gostaria, ou a fazer coisas que não quereria, de verdade!
O “Não” e tudo o que essa palavra implica, nos traz, então, para a ultra complexidade dos relacionamentos! Relacionamento conosco e com o outro! Para aprendermos a dizer não, portanto, precisamos antes de tudo, aprender a razão pela qual, sempre dizemos SIM!

Referências
GRÜN, Anselm. ROBBEN, Lorena. Estabelecer limites – respeitar limites: segredos para relações interpessoais bem sucedidas. 3. ED. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

About the Author Júlia Pereira Damasceno de Moraes

Mulher, filha, mãe, esposa, professora, educadora, eterna aprendiz. Graduada em Letras pela Universidade do Planalto Catarinense. Especialista em Leitura e Produção de Texto. Leitora inveterada. Aspirante a escrevente. Amante do saber e do conhecimento. Preocupada com o rumo que os adolescentes e jovens estão tomando e com a falta de referencial de vida para muitos dos alunos com os quais convive 12 horas por dia. Os pais se preocupam com o mundo que vão deixar para os filhos, mas não estão se preocupando com os filhos que vão deixar para o mundo. Isso é grave!

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