Os solteiros são mentalmente mais fortes?

Por que os solteiros são mais felizes e saudáveis do que os cientistas previram?

São várias as manchetes que proclamam que os solteiros são os perdedores da vida. Se eles se casassem, prossegue o argumento, também poderiam conquistar uma saúde e felicidade melhores, além de mais açúcar, especiarias e várias outras coisas boas, que fazem parte do pacote prometido da vida de casado.





Tenho criticado estas afirmações desde que escrevi meu primeiro trabalho acadêmico sobre a vida de solteiro. Recentemente, fui convidado a escrever sobre solteiros e saúde mental para a 2 ª edição da Enciclopédia de Saúde Mental. Mais uma vez, eu revi toda a investigação pertinente sobre temas como suicídio, depressão, solidão, saúde física e felicidade. E, mais uma vez, fiquei impressionado com a pouca diferença que faz para a saúde das pessoas e o seu bem-estar em ser solteiro ou casado.

Os motivos pela quase inexistência de diferenças se deve a alguns atributos. Como já expliquei anteriormente, a maioria das pesquisas tende a produzir resultados mais positivos para as pessoas casadas. No entanto, nenhuma técnica destes pesquisadores charlatões conseguiram fazer os solteiros parecerem infelizes.





Considere, também, todas as formas em que as pessoas solteiras estão em desvantagem. Eles são constantemente desafiados pelo estigma do ”solteirismo” – a exclusão interpessoal, presunções e formas de discriminação. Em termos puramente econômicos, os solteiros acabam sendo superados pelos seus colegas casados.

Além do ”solteirismo”, o outro lado da cultura de casais é a “matrimania” – todo o bombardeio publicitário que existe sobre o noivado, casais, e o casamento.

A verdadeira questão, então, não é se o casamento gera melhorias para a saúde mental e física, já sabemos que a resposta para isso é não. A questão mais profunda, eu acho, é como é que os solteiros – especialmente aqueles que sempre foram solteiros – estão indo tão bem enquanto tantas pessoas estão contra eles?





Meu melhor palpite é o seguinte: As pessoas solteiras são mais resilientes do que todas as outras. Os solteiros são estereotipados, estigmatizados e ignorados, e mesmo assim vivem felizes para sempre.

Certamente não estou dizendo que todo solteiro é mais resiliente do que todos os casados. Não nego que existam pessoas solteiras que não são de todo saudáveis, fisicamente ou mentalmente. Só estou dizendo que quando você olha para a maioria das evidências, os solteiros se saem muito melhor do que as circunstâncias objetivas nos levariam a crer.

Os solteiros – especialmente aqueles que sempre foram solteiros – também se saíram muito melhor do que os cientistas sociais previram. Durante décadas, os teóricos têm se perguntado sobre por que as pessoas casadas são (supostamente) mais saudáveis ​​e felizes do que as pessoas solteiras: Eles têm mais apoio social; seus cônjuges os conectam a redes maiores de pessoas; casais supostamente têm um tipo de compromisso que as pessoas solteiras carecem, e o compromisso dos casais é reforçado pelos amigos, familiares e pela sociedade em geral; seus compromissos são públicos. Outras pessoas podem assisti-los e mantê-los no caminho. Dentro do casamento, os cônjuges podem monitorar um ao outro, certificando-se que estão comendo seus vegetais e indo ao médico; além do mais, a relação conjugal é institucionalizada, apoiada por meios jurídicos e religiosos.





Algumas dessas teorias são verdadeiras (por exemplo, os casados são beneficiados e protegidos pelas estruturas jurídicas de maneiras que as pessoas solteiras que não são) e algumas já refutamos (por exemplo, pessoas que se casam se tornam menos ligadas aos amigos, família e vizinhos do que quando eram solteiros).

O que é quase totalmente ausente de escritos acadêmicos sobre a vida de solteiro são explicações sobre o porquê as pessoas solteiras estão tão bem. Os cientistas sociais têm se empenhado tanto em falar sobre as supostas vantagens do casamento e desvantagens de vida de solteiro que deixaram de considerar os custos da vida conjugal e as recompensas da vida de solteiro.

Já estamos cansados de ouvir sobre o risco dos solteiros se tornarem solitários, mas muito pouco sobre o potencial criativo, intelectual e emocional da solidão. Quanto às oportunidades que as pessoas solteiras têm de criar uma mistura ideal de tempo sozinho e tempo acompanhado – bem, eles receberam pouca atenção.

Disseram-nos que pessoas solteiras não têm a intimidade que as pessoas casadas têm com os seus parceiros, mas não ouvimos nada sobre as verdadeiras relações de apego que as pessoas solteiras têm com as pessoas mais importantes em suas vidas.

Ausente nesses artigos é qualquer atenção para os riscos da dependência emocional (ou seja, de investir todo o seu estoque emocional em apenas uma pessoa) ou para a capacidade de resiliência oferecida pelas redes de amigos e familiares que a maioria das pessoas solteiras mantêm.

A volumosa literatura sobre o casamento presta pouca atenção à realidade psicológica de que um tamanho não serve para todos. Nem todo mundo vive sua melhor vida como metade de um casal nem todas as pessoas solteiras vivem suas melhores vidas como parte de uma rede de pessoas significativas. Algumas pessoas realmente gostam de passar a maior parte do seu tempo sozinhas.

Nos dizem que pessoas casadas se apoiam, mas as pessoas solteiras têm a sua própria maneira de se realizar, como perseguir uma paixão, exercer um trabalho significativo, enfim, viver uma vida que é mais completa ou mais autêntica do que seria se eles se casassem.

Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptador por Psiconlinews

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