Violência sexual e as suas consequências na saúde mental da vítima

A violência sexual é caracterizada como um abuso de poder no qual a vítima é usada para gratificação sexual do agressor sem seu consentimento. É um grave problema de saúde pública, na medida em que, inevitavelmente, traz prejuízos significativos para quem o sofre de forma imediata ou mesmo tardiamente, devido ás consequências físicas ou emocionais decorrentes do ato. Trata-se de uma violação de direitos e da intimidade que atinge os mais variados grupos sociais faixa etária e gênero, apesar de as vítimas mais freqüentes serem do sexo feminino e principalmente crianças, adolescentes e mulheres jovens.





Embora exista um aumento do número de registros na atualidade, os crimes sexuais ainda costumam ser pouco denunciados, sendo que as vítimas em geral não registram queixa por receio do constrangimento e do sofrimento que a exposição da vivência traumática possa trazer. O Ministério da Saúde relata que apenas entre 10 e 20% dos casos são notificados as autoridades competentes.
As consequências da violência sexual incluem inúmeros comprometimentos na saúde física tais como traumas físicos, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, além de todas as possíveis consequências para a saúde mental da vítima. Aqueles que sofrem de uma violência sexual em geral acabam por tornar-se vulneráveis também a outros tipos de violência, transtornos sexuais, uso de drogas, estresse pós-traumático, depressão e suicídio. Os sentimentos mais descritos por quem teve a experiência do abuso são medo da morte, solidão, vergonha, culpa, ansiedade, isolamento social além de baixa auto-estima. No âmbito social a violência sexual pode gerar outras consequências como problemas familiares e sociais, abandono dos estudos, perda do emprego, separação conjugal, abandono da casa entre outras.





O impacto do abuso sexual sobre a vítima tem relação com diversos fatores, como duração e grau da violência, presença de ameaça ou uso de força, diferença de idade e importância do vínculo afetivo desta com o agressor. É de suma importância o cuidado extremo para com as vitimas de tais abusos, e que as intervenções para minimizar os danos ocorram o mais breve possível.
A capacidade de se reconstruir após o trauma depende de inúmeros fatores e principalmente de uma rede de apoio bem estabelecida: meios legais que protejam a vítima, empatia dos que convivem com o abusado, suporte emocional adequado por meio de profissionais bem preparados, sensibilidade da sociedade para abordar o tema, educação da população para não contribuir com formas veladas de incentivo á culpabilidade da vítima (cultura do estupro!).
É ainda de se pensar que todas ferida poder ser tratada, mas sem qualquer sombra de dúvidas deixa profundas cicatrizes. A violência sexual é tratada pelo Ministério da Saúde como uma violação aos direitos humanos e portanto não basta compreender a situação, mas combatê-la. Nunca se deve esquecer que a vítima de uma violência sexual JAMAIS será a responsável pelo ato!

About the Author Lilian S. N. Vidal

Especialista em Psicologia Clínica e Terapia Cognitivo Comportamental. Se interessa profundamente pelo ser humano e adora a vida como ela é, apesar dos altos e baixos. Curiosa gosta de aprender coisas novas e de admirar o que já sabe. Não se importa de ser uma metamorfose ambulante se for para sair do casulo e voar.

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