Por que algumas pessoas são mais felizes sendo solteiras?

As pessoas estão esperando cada vez mais tempo para se casar e muitos preferem não fazê-lo, outras acabam solteiras depois de algum divórcio ou viuvez, o fato é que há mais pessoas solteiras no mundo do que nunca. Durante a década de 1960 apenas 10% dos adultos americanos com idade de 25 anos ou mais eram solteiros, hoje esse percentual dobrou.

Pesquisas sugerem que as pessoas casadas são mais felizes do que as solteiras, mas ainda não está claro se o casamento realmente torna as pessoas mais felizes, pois nem sempre o casamento está relacionado com uma maior felicidade.
O fato é que o casamento não é um caminho certo para a felicidade. Se por um lado um cônjuge pode oferecer apoio social e ajudar a combater a solidão, por outro os relacionamentos têm conflitos e decepções que tornam as pessoas menos felizes. Então podemos supor que o casamento pode fazer algumas pessoas mais felizes, enquanto que para outras a melhor opção seria continuar solteiras.

Em uma série de estudos, Girme e seus colegas tentaram examinar quais tipos de pessoas são mais aptas a serem felizes em um relacionamento. Eles queriam saber quais são os dois tipos de objetivos sociais que as pessoas têm com seus conjugues quando entram num relacionamento – objetivos de aproximação e objetivos de evitação. Pessoas com objetivos de evitação necessariamente não evitam relacionamentos, elas só buscam relacionamentos que não sejam conflituosos. Querem relacionamentos calmos, sem confusão. Infelizmente, as pessoas que usam esse tipo de abordagem tendem a ser mais ansiosas e solitárias, e a ter mais sentimentos negativos sobre seus relacionamentos e vida social. Isso acontece porque elas prestam muito mais atenção aos eventos negativos dos relacionamentos. Essas pessoas também demonstram ser mais suscetíveis a reagirem mal durante um conflito.

Já as pessoas com objetivos de aproximação buscam uma maior intimidade em seus relacionamentos. Estes dois tipos de objetivos não precisam necessariamente estar em conflito: Você pode ter as duas abordagens, mas em diferentes níveis. Alta numa e baixa noutra ou baixa em ambas.
Então em que sentido a sua felicidade num relacionamento está associada a esses objetivos sociais?

Girme e seus colegas realizaram dois estudos para testar essas associações. No primeiro, 187 estudantes universitários mediram seus níveis de objetivos sociais de aproximação e de evitação.

Para os objetivos de evitação, eles responderam um questionário que avaliava o quanto concordavam com afirmações do tipo “Eu tento evitar divergências e conflitos com pessoas próximas a mim” e “Eu tento ter certeza de que nada de ruim acontecerá nos meus relacionamentos”. Para os objetivos de aproximação, eles avaliaram itens como “Eu tento melhorar a intimidade nos meus relacionamentos” e “Eu tento obter crescimento e desenvolvimento nos meus relacionamentos”. Eles também avaliaram o grau de satisfação que os pesquisados sentiam em suas vidas durante todos os 10 dias de pesquisa.

Os resultados mostraram que as pessoas solteiras estavam menos satisfeitas com suas vidas, mas isso só ocorria com as que apresentavam níveis baixos de objetivos de evitação. Aquelas com níveis altos de objetivos de evitação se sentiam felizes tanto solteiras quanto casadas. Os objetivos de aproximação, por outro lado, não estavam associados à felicidade do casal.
No segundo estudo os pesquisadores examinaram uma amostra de 4.024 adultos da Nova Zelândia. Eles descobriram que estar em um relacionamento estava associado à uma maior satisfação com a vida, mas isso não ocorria com as pessoas que tinham níveis elevados de objetivos de evitação. Pessoas com altos níveis de evitação eram tão felizes solteiras como quando estavam casadas. Os objetivos de aproximação demonstraram importância nesse caso. Em geral, as pessoas se sentiam mais felizes quando estavam em um relacionamento do que sozinhas, isso foi revelado principalmente em pessoas com altos níveis de objetivos de aproximação. Ficar solteiro era mais difícil para elas.

Curiosamente, os objetivos de aproximação só importaram no segundo estudo. Isso pode ter ocorrido devido a idade dos participantes. No primeiro estudo os participantes eram estudantes universitários, que geralmente não têm um longo histórico de relacionamentos e ainda estão descobrindo o que querem da vida. No segundo estudo a idade dos participantes variava de 18 a 94 anos, com uma idade média de 50 anos, os universitários estavam entre os mais jovens. Assim, as duas amostras provavelmente diferiram devido à seriedade das relações dos participantes. Aparentemente, alguns dos benefícios dos objetivos de aproximação podem se tornar evidentes apenas mais tarde na vida, quando as relações tendem a serem mais sérias.
É importante lembrar que essa pesquisa não confirma que estar em um relacionamento realmente leva as pessoas a serem mais felizes. Nenhuma das evidências do estudo prova por definitivo que o casamento torna as pessoas mais felizes.

Os relacionamentos românticos são uma troca, deve existir um equilíbrio entre as coisas boas e as ruins. Mas as pessoas com altos níveis de objetivos de evitação tendem a evitar conflitos e, geralmente, são as mais atingidas pelo lado ruim dos relacionamentos. Se você também for assim, é provável que você seja mais feliz solteiro.

Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptado por Psiconlinews

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