O que é exatamente apatia? Você pode tentar descrever o quanto quiser, mas só saberá se experimentá-la, é como se apaixonar: só sabemos como é quando estamos apaixonados. Todos enfrentamos a apatia em alguma fase de nossas vidas. Esse sentimento é contraditório, pois é como um “não sentir”: você sente que está faltando algo importante em sua vida, mas não se sente motivado para descobrir o que é, você não se sente suficientemente estimulado para fazer nada. Esse sentimento pode gerar aflição, pois você sente que tem alguma coisa errada, é algo como um vazio que não consegue ser preenchido.
A apatia, apesar de ser um sentimento, é também uma forma de atitude: a atitude da indiferença, da despreocupação, do desencantamento e do desapego. Tal atitude suga tanto suas energias que você se sente letárgico, apático, muitas vezes “paralisado”, sem vontade de fazer o que precisa fazer. Não é apenas uma preguiça, é mais do que isso, você se sente totalmente desmotivado. Os indivíduos apáticos são facilmente identificados pela sua passividade e indiferença.
O foco deste artigo é sobre a psicologia da apatia, suas causas psicológicas e possibilidades terapêuticas. No entanto, pode haver causas provenientes de fatores biológicos, então vamos brevemente enumerar algumas de suas causas físicas ou biológicas. A apatia pode ocorrer em alguns distúrbios como a esquizofrenia ,acidente vascular cerebral, doença de Parkinson, paralisia supranuclear progressiva, doença de Huntington, demências como a doença de Alzheimer, demência vascular e frontotemporal. A má alimentação, privação do sono, falta de execícios físicos e distúrbios na glândula tireoide também podem causar apatia, assim como a depressão, o transtorno bipolar e o uso frequente de algumas drogas.
Independente da causa, para os que sofrem de apatia, o que está perdido é a esperança fundamental de que a sua felicidade seja possível. Essas pessoas deixaram de acreditar na viabilidade das metas que tinham anteriormente, ou perderam a fé em sua capacidade de atingir essas metas. Como resultado disso, a energia mental, física e emocional que as motivavam a fazer as coisas que tinham sentido para elas no passado, desaparece. Embora a depressão muitas vezes ande lado-a-lado com a apatia, ela pode ocorrer separadamente.
Se você se identificou com alguns dos itens descritos acima, provavelmente também se identificará com algumas características listadas abaixo, veja com qual delas você mais se identifica:
O pessimismo sobre o futuro é uma das principais causas da apatia. Essa atitude autodestrutiva pode ter sido criada no início da sua infância, que funcionou como uma espécie de programação, e o levou a acreditar que não importava o quão aplicado você fosse, você não conseguirá ter sucesso em nada; ou ocorreu uma série de eventos em sua vida presente que fizeram você acreditar que não conseguiria mais vencer suas lutas. Então você se afundou num poço profundo de apatia e sair dele parece ser uma tarefa muito árdua para a quantidade de energia que você precisará dispor. Mas o que você pode fazer a respeito disso? Para sair daí, você terá que passar por um processo gradual que consiste em várias etapas.
Embora haja muitas coisas práticas que você pode fazer com relação à sua apatia, você não obterá nenhum resultado se não mudar a sua mentalidade. Independente do que inicialmente tenha te desmotivado, é a sua perspectiva atual que mantém você preso a esta situação. Sua tarefa imediata é alterar esta perspectiva. Sem dúvidas, você terá que se esforçar para identificar e alterar essa crença que está enraizada em você.
Então, pergunte a si mesmo: “Estou disposto a assumir o compromisso de tirar a apatia da minha vida, mesmo sabendo que isso vai demorar e que eu tenha que dispor de muito mais energia e esforços do que sou capaz de fazer agora?”. Lembre-se de que se o seu abatimento continuar, suas repercussões para a sua vida podem ser enormes. Você não será feliz ou realizado se deixar de perseguir ativamente os seus objetivos e desejos, isso é fato. Além disso, ficar parado pode diminuir a sua autoestima, o que poderá trazer à tona os sentimentos de inutilidade, culpa ou vergonha.
Você precisa identificar a origem da sua apatia para que possa contestá-la. É uma questão de atitude, comece a olhar para sua história e para si mesmo de uma perspectiva diferente. Para que as mudanças ocorram, você precisa ter mais compaixão, empatia e compreensão consigo mesmo e, eventualmente, precisará se perdoar por quaisquer eventos de insensibilidade, transgressão ou fracasso. Se até o momento você achava que estava sendo preguiçoso, talvez agora seja melhor considerar a possibilidade de que, na verdade, você esteja imobilizado por dúvidas e medos irracionais, principalmente pelo medo do fracasso. É hora de ir além de quaisquer possíveis mensagens negativas que você tenha recebido no passado e parar de estabelecer expectativas e metas exageradas para si mesmo.
O que você pode fazer agora para começar a superar essa condição de inércia emocional? Qual é a primeira coisa que você pode fazer para sair desse poço de apatia em que você se afundou? Comece pelas coisas mais fáceis: faça uma lista do que não está funcionando para você e o que poderia tornar a sua situação melhor. Se as suas circunstâncias não puderem ser mudadas, que tal aceitá-las e seguir em frente? O mais importante aqui é remover os obstáculos que te deixaram nesse estado apático.
As rotinas podem se tornar maçantes e cansativas, tente encontrar maneiras de quebrar essa rotina. Inicie uma conversa com um colega de trabalho que você ainda não conhece muito bem, comece a praticar exercícios físicos ou procure por novas formas de se exercitar, caso já pratique, experimente comidas novas, varie o cardápio, se puder faça uma viagem e caminhe em meio à natureza, considere trocar de emprego ou profissão, estude aquilo que sempre quis, mas que deixou de lado por qualquer eventualidade do destino e assim por diante. Considere fazer qualquer coisa que lhe dê um novo sopro de vida.
O que costumava fazer você feliz antes de cair nesse estado de apatia? Pode ser uma música que você gostava, um amigo que você gostava de conversar mas perdeu o contato, lugares que gostava de frequentar e que te inspiravam como, por exemplo, galerias de arte, jardins botânicos, eventos desportivos, etc. Embora agora essas atividades não tenham a mesma excitação que antes, quanto mais coisas você experimentar, mais rapidamente sairá desse estado letárgico.
Quais hobbies ou atividades lhe alegravam no passado? Pintura? Leitura? Música? Dança? Jardinagem? Até mesmo soprar bolhas. Qualquer uma dessas coisas podem fazer uma grande diferença para você agora. As atividades “sem propósito” geralmente são as que mais despertam as alegrias simples da vida.
Considere os seus valores, aptidões e preferências, a seguir escolha um objetivo que possa captar a sua atenção e interesse no presente. Essa atividade criativa irá ajudá-lo a voltar a se envolver com a vida. Caso tenha poucas opções, não desanime, escolha algo agora; você pode mudar de ideia depois, o importante é que você saia dessa areia movediça em que se meteu. Escolha a coisa mais fácil e simples possível, assim as mudanças vão ser mais facilmente implementadas e você não se sentirá tão sobrecarregado.
Se mesmo depois de ter trabalhado com todas as sugestões citadas acima você ainda se sentir incapaz de escapar do estado apático, talvez você esteja sofrendo uma depressão. O aconselhável é procurar um profissional especializado, assim o processo de recuperação será facilitado, pois ele entenderá os dilemas que você está passando e oferecerá meios viáveis para você superar isso. Não desanime, fases ruins sempre ocorrem e, geralmente, após uma fase ruim ficamos mais bem preparados para lidar com os problemas da vida.
Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptado por Psiconlinews