O Corpo e as Emoções

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É muito comum o uso de analogias físicas para se falar de emoções. Tristeza que “dói” no peito, um ”balde de água fria” na decepção, e sentir-se ”quebrado” por dentro. Todas essas metáforas não são ricas apenas do ponto de vista da linguagem como revelam que a natureza das emoções no ser humano reside no corpo.





A emoção é a resposta do organismo a um determinado estímulo, a percepção dessa reação pelo cérebro é principalmente referente às mudanças que o estímulo causou no organismo. As referências externas são gravadas também, mas a grande ênfase recai sobre as alterações que ocorreram com o próprio corpo, ou seja, as informações interoceptivas.

A ligação das emoções com o corpo é enorme. Todas as emoções universais possuem mudança no ritmo de respiração e uma alteração facial típica, por exemplo. Ao usar nosso corpo de determinadas maneiras somos capazes de criar estados emocionais. Por exemplo: a contração do diafragma e peito junto com uma respiração rápida e curta usando apenas a parte superior do peito tende a criar estados de medo e ansiedade.





Com o corpo sentimos muito daquilo que falamos. Algo comum no consultório, por exemplo, é ver os pés de pessoas que  dizem que não tem “equilíbrio emocional”. Em geral, enquanto falam comigo na sessão, movem os pés de um lado para o outro, ou deixam-nos com um contato superficial com o solo. Os pés e pernas tem a ver com o sentimento de sustentação. Emoções como tranquilidade, calma, paciência, orgulho precisam de uma boa conexão com o solo assim como com as pernas.

Emoções relacionada a confronto ou evitação de confronto como medo, raiva e até mesmo a angústia tem uma ligação interessante com os olhos. Trabalhar com a percepção que a pessoa desenvolve de si com os olhos abertos e fechados pode trazer muito insight sobre dificuldades com estas emoções.

Porém, o trabalho com o corpo não é apenas uma lista que correlaciona determinadas partes do corpo a determinados estados emocionais. O real trabalho e auto conhecimento se desenvolve quando aprende-se a perceber todo o corpo e como ele se estrutura quando estamos sentindo um ou outro estado emocional. Perceber como organizamos nosso corpo para sentir tristeza, raiva ou alegria é o que nos possibilita aprender a usar estes estados com mais consciência e intenção.





Em minha prática clínica, usualmente trabalho com meus clientes a percepção corporal que é fator fundamental para o desenvolvimento de um trabalho com emoções. Sem perceber nosso corpo as reações emocionais parecem estranhas e a tendência das pessoas é sentir medo delas. O frio na barriga pode ser interpretado como algo ruim para alguém que não conhece bem o seu próprio corpo, enquanto que aquele que tem contato somático pode sentir isso como algo bom e convidativo de novas atitudes.

Se você quiser ter emoções mais saudáveis, aprender a gestar suas emoções, saiba que o seu corpo é fonte de informação e de mudança. Aprender a ouvir o corpo e usá-lo de maneira apropriada é desenvolver mais contato consigo e com suas emoções.

About the Author Akim Rohula Neto

Akim Rohula Neto é natural de Curitiba onde nasceu e se criou. Descendente de russos e italianos desde cedo percebeu que as diferenças emocionais e na percepção de mundo podem trazer problemas e ser fonte de grande competências e conquistas. Realiza sua graduação em Psicologia na PUC-PR (1999-2003), no mesmo ano termina uma especialização em Psicologia Corporal no Instituto Reichiano (2000-2003) e em PNL (Programação Neurolingüística) com Leonardo Bueno (1999-2003). Mais tarde, sentindo a necessidade de uma compreensão maior sobre os fenômenos familiares busca no INTERCEF (2008-2010) a formação em Psicologia Sistêmica. Desde a graduação em 2004 trabalha com atendimento em psicoterapia para adolescentes e adultos e a partir de 2008 trabalha com casais e famílias. Além disso ministra palestras e workshops que visam o desenvolvimento de competências para desenvolvimento do auto domínio e da inteligência emocional.

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