Servir ou desservir?

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A primeira vez em que ouvi o termo “desserviço”, eu ri. Se tratava de uma conclusão de uma amiga sobre as atitudes de um homem, que tinha como hábito conquistar mulheres e descartá-las logo em seguida, mesmo diante de outras promessas. Mas minha amiga falava sério. Diante de uma sociedade tão carente de amor e equilíbrio, tudo o que a maioria das mulheres não precisa é de um homem como tal. Depois de um tempo comecei a refletir, sobre quantos de nós e de quantas maneiras, somos capazes de nos tornarmos pessoas, constantemente, praticando desserviços. E de graça!






Errar uma vez ou outra faz parte da nossa natureza. É aceitável e compreensível que cometamos falhas. Mas fazer do erro um hábito, e atingir pessoas através deste comportamento, vem a ser um desserviço.
Sabe aqueles carros no trânsito, que todos os dias passam “costurando” entre uma pista e outra? Ou os veículos que ultrapassam tranquilamente pela faixa da direita e lá na frente cortam à esquerda? Os constantes buzinadores? Os encrenqueiros? O quanto essas pessoas estão colaborando para o desserviço de nossa sociedade? E já logo pela manhã?





Também conhecemos aquelas pessoas que estão constantemente a falar mal dos outros, falam pelas costas, distorcem histórias e criam intrigas ou falsas imagens de seus colegas. Qual o valor desse desserviço para a convivência entre as pessoas?
O ser arrogante que trata o porteiro com desprezo todos os dias. Ou o preconceituoso que insiste em seu conceito de superioridade, maltratando os que são diferentes em sua cor, opção sexual ou religião. Muitas são as formas de desservir.
Mas sabemos que mesmo as pessoas que optam por desservir ao próximo, acabam ao mesmo tempo, por nos servir como grandes lições. Aprendemos a ser mais tolerantes, pacientes e sábios. No silêncio de nossa voz e de algumas atitudes, nos sobressaímos com aquilo que eles desconhecem: os valores nobres.





Temos que, em primeiro lugar, dar uma boa olhada em nosso próprio comportamento. Será mesmo que dentro de todos os hábitos que possuo, não há nenhum que vem a ser um desserviço às pessoas à minha volta? Eu lavo o prato que sujo? Jogo o lixo onde devo? Furo a fila no banco ou na padaria? Sou honesto e honro minhas contas? Tiro vantagem de alguém de alguma forma? Abuso da amizade dos que me querem bem?
Hemos de olhar para nós mesmos em primeiro lugar, antes de julgar o outro. A melhor maneira de mudar o mundo em que eu habito, é mudando a mim mesmo (a). Através do meu comportamento, serei capaz de instigar o outro. O exemplo vale mais do que palavras e julgamentos.
Depois disso, quando eu perceber que não estou prestando nenhum desserviço, então posso solicitar que outros também não o façam. Sabemos que influenciar alguém não é tarefa fácil e na maioria das vezes possível. Mas em sociedade temos o direito e dever de reclamar por aquilo que nos afeta injustamente. Muitas vezes pode ser um desserviço previsto por lei, como a infração das leis de trânsito. E outras, um desserviço moral, como a falta de caráter de uns e outros em relação aos sentimentos alheios.
Entre servir e desservir existe uma diferença gigantesca. Entre um e outro, também vale a frase: “Quem não ajuda, também não atrapalha!”.
Se não for capaz de servir ao próximo, ao menos não dessirva ninguém!

About the Author Carolina Vilanova

Carolina Vila Nova é brasileira. Tem cidadania alemã, 40 anos. Escritora e Roteirista. É autora dos seguintes livros: “Minha vida na Alemanha” (Autobiografia), “A dor de Joana” (Romance), “Carolina nua” (Crônicas), “Carolina nua outra vez” (Crônicas), “Vamos vida, me surpreenda!” (Crônicas), “As várias mortes de Amanda” (Romance), “O dia em que os gatos andaram de avião” (Infantil), "O Milagre da Vida" (Crônicas) e "O beijo que dei em meu pai" (Crônicas). Disponíveis na Amazon.com e Amazon.com.br Mais matérias em: www.carolinavilanova.com

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