Não me critique quando eu menos precisar

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É muito comum às pessoas, mesmo as mais próximas, falar o que o outro menos precisa ouvir e no momento mais inapropriado. Embora ajam com boas intenções, querendo o melhor, acabam fazendo produzindo o efeito oposto, deixando tudo pior e mais difícil. Todos precisamos ouvir verdades e receber a dureza necessária, para que enxerguemos com mais clareza, mas tudo tem a hora certa, tanto os elogios quanto as críticas.

Muitas vezes, na ânsia de ajudar e de animar a quem muito amamos, escolhemos as palavras erradas, o tom inadequado e a pior hora para nos dirigirmos a ele. Acabamos, assim, oferecendo o contrário do que ele estava precisando, pois há situações que pedem tão somente entendimento e silêncio, nada mais do que isso. Qualquer palavra então servirá apenas como um peso de culpa e de impotência a se juntar aos cacos emocionais em que ele se encontra.

Uma forma de tentarmos ajudar as pessoas com mais coerência é nos colocando no seu lugar, imaginando como estaríamos se fôssemos nós que estivéssemos passando por aquilo, percebendo o que poderíamos estar querendo, do que estaríamos exatamente precisando e, principalmente, o que não gostaríamos de ouvir de ninguém. E, quando somos bastante próximos à pessoa, no fundo saberemos como ela deve estar se sentindo realmente e certamente poderemos ajudá-la da melhor maneira.

Vale lembrar que o outro não é obrigado a sentir as coisas como queremos ou como nós as sentimos. Pedir aquilo que o outro está impossibilitado de dar naquele momento soará nada menos do que a covardia ou a insensibilidade. Na verdade, poderemos até tentar imaginar a dor que ele sente, mas jamais estaremos aptos a ter certeza da real dimensão das escuridões alheias. Cada um sabe onde e como a vida lhe dói e mais ninguém.

E é disso tudo de que os relacionamentos são feitos, de momentos em que sorrimos juntos e de outros em que sofremos solidariamente, porque ter alguém ao lado enquanto desmontamos por dentro fará toda a diferença em nossas vidas. Ademais, que tenhamos a decência de saber quando poderemos repreender, animar, chacoalhar ou apenas acolher silenciosamente ao outro no amor reconfortante que todos temos dentro de nós.

About the Author Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

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