Eventos que se parecem com convulsões, mas na verdade suas causas têm origens psicológicas, são chamados de crises psicogênicas não epilépticas ou convulsões psicogênicas. Algumas pessoas preferem usar o termo “eventos” em vez de convulsões. Você verá os termos usados de forma intercambiável aqui.
O termo psicogênico (si-ko-JEN-ik) significa ”começar na mente”. As convulsões ou eventos psicogênicos são causados por um estado psicopatológico, um estado emocional abalado, e não pela atividade elétrica anormal no cérebro (ataque epilético). A maioria dos ”ataques epiléticos” são erroneamente diagnosticas como tal, pois são psicológicas por natureza, mesmo que não sejam conscientemente produzidas. Normalmente, a pessoa não está ciente de que aquele evento não é um “ataque epilético”. O termo “pseudoconvulsão” também foi usado no passado para se referir a esses eventos, mas preferimos evitar esse termo, pois não é preciso e tem um significado negativo.
É importante saber que algumas convulsões psicogênicas podem ser causadas por outros problemas físicos também.
Convulsões psicogênicas são comuns. Cerca de 20% das pessoas encaminhadas para exames de eletroencefalograma (EEG) apresentam convulsões psicogênicas.
Os eventos psicogênicos não-epilépticos têm sido mais estudado durante as últimas décadas. Eles são mais freqüentemente vistos em adolescentes e adultos jovens, mas também podem ocorrer em crianças e idosos. São 3 vezes mais comuns em mulheres.
Os membros da família relatam episódios em que a pessoa se enrijece e sacode. Os médicos raramente testemunham o evento real, por isso são atraídos para o diagnóstico mais fácil: epilepsia. Muitas vezes, podem ser gastos anos tentando tratar um diagnóstico errado de ataque epiléptico sem sucesso.
Certos tipos de movimentos e outros padrões parecem ser mais comuns em convulsões psicogênicas do que em convulsões causadas por epilepsia. Alguns desses padrões ocorrem apenas ocasionalmente em crises epilépticas. Ter uma delas não significa necessariamente que a crise foi não-epiléptica.
O monitoramento de vídeo EEG é a melhor maneira de diagnosticar convulsões não-epilépticas. O médico pode tomar medidas para provocar uma convulsão e, em seguida, pedir a um membro da família ou amigo que confirme se o evento foi do mesmo tipo.
A boa notícia é que convulsões psicogênicas podem ser tratadas. Uma avaliação psicológica ajuda a identificar possíveis problemas psicológicos e o tipo de tratamento necessário.
Ser diagnosticado com convulsões psicogênicas não significa necessariamente que a pessoa tenha uma psicopatologia grave. No entanto, o tratamento das convulsões psicogênicas implica na resolução de quaisquer problemas psicológicos que possam estar presentes.
O diagnóstico errôneo da epilepsia em pacientes com convulsões psicogênicas é muito comum. De fato, aproximadamente 25% das pessoas que têm um diagnóstico prévio de epilepsia são diagnosticadas erroneamente. Um caso recente foi o do ginasta brasileiro Diego Hipólyto, em que relatou a ocorrência de um suposto ”ataque epilético” logo após ter passado por uma situação traumática: “Eles me faziam ficar pelado e eu tinha que colocar uma pilha com pasta de dente no ânus”, conta sobre um episódio. “No dia em que isso aconteceu, eu tive um ataque epiléptico. Não consegui completar a prova. Era a questão da humilhação. O bullying era regular e tinha a conivência do técnico.”
Essas pessoas recebem o diagnóstico errado e carregam para sempre o estigma de ”epilético”, convivendo com a insegurança de que a qualquer momento um outro ataque possa ocorrer.
Um evento traumático específico, como abuso físico ou sexual, incesto, divórcio, morte de um ente querido ou outra grande perda ou mudança repentina, pode ser identificado em muitas pessoas com convulsões psicogênicas. Por definição, as convulsões psicogênicas são manifestações físicas de um distúrbio psicológico, um tipo de Transtorno Somatoforme chamado transtorno de conversão.