6 maneiras de enlouquecer alguém

Um artigo de Searles escrito em 1959 ”Como enlouquecer alguém”, uma das primeiras contribuições ao tema, aponta seis maneiras de enlouquecer uma pessoa. Para Searles, o início de qualquer espécie de interação pessoal que se incline a ativar diferentes áreas da personalidade, uma em oposição à outra, tende a enlouquecer (isto é, levar à esquizofrenia).

 

Cada uma dessas técnicas tende a minar a confiança do outro em suas próprias reações emocionais e percepção da realidade. Podem ser descritas da seguinte maneira:

  1. X chama repetidamente a atenção para facetas da personalidade das quais y tem consciência confusa, facetas em total desacordo com a espécie de pessoa que y se considera.
  2. X estimula y sexualmente numa situação em que seria desastroso para y obter gratificação.
  3. X expõe y a estímulo e frustração, simultaneamente, ou em rápida alternância.
  4. X relaciona-se com y simultaneamente em planos desconexos (isto é, sexual e intelectualmente).
  5. X passa de um comportamento de onda emocional a outro, permanecendo no mesmo tópico (mostrando-se ”sério” e depois ”brincalhão” com relação à mesma coisa).
  6. X passa de um tópico a outro conservando-se no mesmo comprimento de onda emocional (um caso de vida ou morte é discutido da mesma maneira que o mais trivial acontecimento).

 

Os casos que Searles apresenta sobre os diversos modos de levar alguém à loucura são todos desta ordem. Por exemplo, o de um homem que persistentemente põe em dúvida ”o ajuste” da irmã mais nova de sua mulher, tornando-a cada vez mais ansiosa. Duvidando repetidamente da cunhada, chama a atenção para facetas de sua personalidade em discordância com a pessoa que ela se considera.

 

Estimular sexualmente alguém num contexto em que é proibido gratificar o desejo sexual despertado provoca também não só conflito como confusão, isto é, dúvida a respeito do modo como a própria ”situação” deve ser definida.

Searles observa que em inúmeros casos registramos que o progenitor de um paciente esquizofrênico se portou de maneira extraordinariamente sedutora em relação ao filho, levando-o a um intenso conflito entre o impulso sexual e as costumeiras retaliações do superego. Isso pode gerar um tipo especial de desajuste, no qual a pessoa não distingue claramente as ”verdadeiras” questões com que se defronta.

A pessoa emaranhada em tal confusão ignora em que sentido está se movimentando. Nestas circunstâncias, o que chamamos psicose pode ser um desesperado esforço para agarrar-se a alguma coisa. Não é surpreendente que esse algo seja o que chamamos de ”ilusões”.

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