PM morto pelo BOPE nunca deu sinais de problemas psicológicos e vivia sozinho

Ao UOL, colegas de trabalho o descreveram como um profissional “tranquilo”, “dedicado” e que amava o que fazia. Sob condição de anonimato, para evitar possíveis represálias, eles criticam as equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) por não tê-lo “vencido pelo cansaço”.

Após passar cerca de quatro horas dando tiros para o alto e gritando palavras de ordem diante de um dos principais pontos turísticos da capital baiana, o PM acabou sendo alvejado por volta das 18h30, pouco depois de disparar o seu fuzil na direção de policiais que tentavam demovê-lo do protesto solitário.

O soldado, que tinha o rosto pintado de verde e amarelo, chegou a ser socorrido por uma ambulância do Samu (Serviço Móvel de Urgência) para o HGE (Hospital Geral do Estado), mas não resistiu aos ferimentos.

‘Nunca demonstrou tendência para surto’

Ele chegou ontem ao seu posto de trabalho pouco antes das 9h, quando começaria um plantão de 24 horas até a manhã de hoje. Lá, pegou um fuzil e uma pistola e saiu sem ser notado pelos demais policiais.

“Só fomos dar falta dele depois que vimos que o seu carro não estava lá”, narrou ao UOL um oficial da mesma unidade.

Segundo ele, o soldado sempre foi pontual. Nas poucas ocasiões em que iria se atrasar, ligou para avisar. Desta vez, nada falou. Tampouco externou qualquer insatisfação.

“Até então, ele nunca demonstrou estar sofrendo nada do ponto de vista psicológico, nem em conversas com a gente, nem de maneira formal levada a seus superiores. Ou seja, ele nunca demonstrou tendência para um possível surto”, diz o oficial.

Familiares do soldado também afirmam desconhecer sinais de que pudesse sofrer de algum transtorno.

“Aparentemente, ele era um policial normal, calmo, sem problemas. Não merecia morrer como morreu. A própria ficha dele na polícia prova o que ele era. Nunca respondeu por nada errado.”

Natural de Belo Horizonte (MG), o PM não era casado, não tinha filhos e morava sozinho em Itacaré. Os pais do policial residem na vizinha Itabuna. Wesley Góes foi enterrado hoje.

Nas redes sociais, pessoas próximas lamentaram a sua morte. Uma amiga escreveu que ele sempre foi um rapaz alegre e carinhoso e que tinha a música como hobby. Nas horas de folga, tocava sanfona.

“Foi uma ação precipitada. Gerenciamento de crise se aplica quando há um refém, mas ali, ele não oferecia riscos à sociedade. Todo mundo estava em local seguro. Os moradores estavam filmando das janelas de seus apartamentos, a imprensa estava distante. É difícil entender”, opinou o colega de companhia.

O comandante disse que, em 13 anos na corporação, o soldado nunca apresentou nada para que a instituição se preocupasse com sua saúde mental.

Fonte: UOL

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