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‘Que a partida da Selena seja o início de uma nova revolução’, diz, em carta, mãe de menina que morreu em ataque a escolas em Aracruz

A mãe menina Selena Sagrillo, morta no ataque a escolas em Aracruz, no Espírito Santo, divulgou, na noite deste sábado (26), uma carta em que compartilha o sofrimento pela perda da menina e pede amor, piedade e segurança para crianças (leia na íntegra no final da reportagem)

“Clamo por piedade e por segurança para nossas crianças serem as milhões de pequenas revoluções que elas poderiam ser. Segurança nas escolas, ruas, casas.”

‘Perdi minha filha para o ódio’, diz mãe de menina que morreu em ataque a escolas em Aracruz

Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto, mãe de Selena, diz ter escrito a carta no computador que a filha usava no próprio quarto, em meio aos objetos pessoais da menina, onde a mãe relata ter encontrado um diário em que a menina escrevia sobre a vida.

“Sentada em meio ao pequeno caos criativo que era seu quarto, encontrei um texto que […] dizia: ‘Vai ter um dia em que o mundo inteiro vai estar do seu lado, e esse dia é hoje. Eu esperei minha vida inteira. E tudo está bem.’ […] Realmente o dia estava próximo para minha filha”.

Selena Sagrillo em visita a museu — Foto: Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto/Arquivo pessoal

Selena Sagrillo em visita a museu — Foto: Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto/Arquivo pessoal

Além de relembrar a personalidade de Selena, a mãe lamentou a interrupção da vida da menina e por não poder mais acompanhar as conquistas da estudante.

“Jamais verei do que ela seria capaz. Ela estava se tornando uma mulher poderosa, alma livre, feminina. A promessa de uma vida inteira foi desfeita. Todo um futuro interrompido. A custo do ódio, do desamor, do terror”, diz a carta.

No final da carta, Thais diz que espera que a memória da filha dê início a uma revolução que garanta amor e segurança para todas as crianças.

Selena Sagrillo dança com vestido — Foto: Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto/Arquivo pessoal

Selena Sagrillo dança com vestido — Foto: Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto/Arquivo pessoal

“Que a partida da Selena seja o início de uma nova revolução, assim como ela gostava, mas uma revolução baseada no amor e segurança para nossas crianças de todas as etnias, regionalidade, classe social e crença.”

Selena Sagrillo tinha 12 anos, estava no 6º ano e estudava na escola particular que foi invadida por um atirador nesta sexta-feira (25). A mãe, Thais Sagrillo Zuccolotto, contou que a menina estudava seus últimos dias na unidade, porque iria se mudar para a Bahia com a família. A mãe, não estava no Espírito Santo no dia do crime.

O corpo da vítima foi velado neste sábado na cidade. A cerimônia foi marcada por comoção de amigos, familiares e moradores que se chocaram com o crime. Por volta das 15, o corpo de Selena foi sepultado no cemitério de Pendanga, no município de Ibiraçu.

Selena Sagrillo em parque com flores — Foto: Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto/Arquivo pessoal

Selena Sagrillo em parque com flores — Foto: Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto/Arquivo pessoal

Leia a carta da mãe de Selena na íntegra:

Escrevo este texto do computador e quarto de minha filha Selena, que agora amargam sua ausência. Escrevo, pois não tenho mais voz para falar, não tenho mais lágrimas para chorar.

O lamento, a dor e angústia que estavam no meu peito antes, agora, começam a dar lugar ao sentimento de entendimento, aceitação e saudade.

Sentada em meio ao pequeno caos criativo que era seu quarto, encontrei um texto que falou tão profundamente em meu coração que não consigo deixar de compartilhar com vocês, que tanto estão nos dando forças neste momento. O texto dizia:

“Vai ter um dia em que o mundo inteiro vai estar do seu lado, e esse dia é hoje. Eu esperei minha vida inteira. E tudo está bem. Completei meus 11 anos e tinha voltado ao bairro e a escola que cresci depois de dois anos em São Mateus (ES), e eu disse: Vai um dia que o mundo inteiro vai estar do seu lado, e esse dia está próximo.”

Realmente o dia estava próximo para minha filha. Havia 1 mês e cinco dias que ela havia completado 12 anos. O dia de sua morte, dia 25/11, foi também o dia do aniversário de meu pai, e seu avô Jose. Dia 01/12 será aniversario de seu outro avô, Laudérico. Daqui a trinta dias será Natal. Minha filha não verá os próximos jogos da copa do mundo e nunca mais se empolgará com um gol como aquele do Richarlyson, que ela achou “incrível”.

Jamais verei do que ela seria capaz. Ela estava se tornando uma mulher poderosa, alma livre, feminina. A promessa de uma vida inteira foi desfeita. Todo um futuro interrompido. A custo do ódio, do desamor, do terror. Não venho aqui clamar por retaliação, pois de ódio, estou farta.

Clamo por piedade e por segurança para nossas crianças serem as milhões de pequenas revoluções que elas poderiam ser. Segurança nas escolas, ruas, casas. Abrigadas e protegidas de todos os desterros do mundo. Longe da violência, drogas, armas e abusos.

Que a partida da Selena seja o início de uma nova revolução, assim como ela gostava, mas uma revolução baseada no amor e segurança para nossas crianças de todas as etnias, regionalidade, classe social e crença.

Esse é um lamento e um grito de uma mãe que padece com a perda de uma filha. Peço que nos mandem orações, amor, energias boas, seja qual for sua crença. Que o mundo se una pela Selena, assim como ela escreveu em seu texto, e por tantas outras Selenas pelo mundo.

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