Conversando sobre a morte…

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A morte é um dos eventos que mais causa incômodo ao ser humano. É um desafio à suposta onipotência que temos sobre as coisas e sobre o mundo, visto que não há o que se possa fazer frente a ela. Prolongamos nossas vidas com novos tratamentos de saúde, melhoramos a qualidade do tempo que vivemos, mas de fato quando ela chega nada mais é possível fazer. Por isso somos tão preocupados em buscar um sentido para a vida.





Diversas culturas enxergam a morte de formas diferentes, pois ela não é apenas um fenômeno biológico, mas também uma construção social. A morte foi considerada como natural ao ser humano, tranquila e resignada. A experiência de morte ocorria no âmbito familiar, os rituais se davam numa cerimônia pública, em que todos participavam e eram autorizados a expressar seus sentimentos pela perda. Na Idade Média morrer era considerado um fato natural, os moribundos pressentiam suas partidas e também faziam seus próprios rituais de despedidas. À medida que a tecnologia avançou, surgiu um certo inconformismo diante da morte. Na atualidade preferimos não falar sobre o assunto. Se deparar com a morte, considerando qualquer tipo de preparação, deve ser evitado a todo custo. Como se o fato de conversar sobre o assunto atraísse o tão temido fim.
O luto por morte pode desencadear inúmeros transtornos psicológicos. Isso porque perder alguém importante trás muitas mudanças na vida, exigindo alterações significativas no funcionamento social, emocional, financeiro, entre outros. Alguns planos precisam ser deixados para trás, outros precisam ser revistos e essa reestruturação é um ponto crucial para quem fica. O rompimento do vínculo afetivo existente, o nível de aceitação, o tipo de morte repentina ou não, são determinantes essenciais na elaboração dessa perda.





Como inevitavelmente todos vamos nos deparar com ela em algum momento, a preparação para lidar com a morte é um dos meios de prevenir que as coisas fiquem mais complicadas do que deveriam. Quanto melhor a nossa saúde emocional antes do luto acontecer, menos complicado será passar por ele. Se já somos capazes de enfrentar adversidades e problemas, a morte de alguém que amamos será mais uma – talvez a mais difícil – mas que sabemos ser possível superar.
Conversar sobre a morte é sim importante! Fazer planos funerários, dizer como se espera que as coisas sejam quando alguém se for, ver filmes, fazer piadas… enfim… falar! A fala constrói novas formas de agir e pensar.
Perder alguém muito importante DEVE causar tristeza! Esse sofrimento faz parte da elaboração saudável da perda. É um dos sentimentos normais e que devemos sentir na nossa vida… por mais triste que seja, viver essa dor na hora certa e do jeito certo ajuda a organizar as coisas que ficam… e seguir em frente!

About the Author Lilian S. N. Vidal

Especialista em Psicologia Clínica e Terapia Cognitivo Comportamental. Se interessa profundamente pelo ser humano e adora a vida como ela é, apesar dos altos e baixos. Curiosa gosta de aprender coisas novas e de admirar o que já sabe. Não se importa de ser uma metamorfose ambulante se for para sair do casulo e voar.

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