Não tenhas medo da tua solidão ou da tua “presença desértica” em meio a tua solidão, dentre o nada do cenário que se apresenta no teu ser.
Outrossim, tenhas receio é do desprezo de quem “está contigo” e que na tua “presença” se faz ausência. A vida é feita de tantas contradições que tantas vezes não conseguimos administrar, tantas incongruências que outrora fazia algum sentido. Contudo, dentre tantas inquietudes, o que não convém é alimentar o que de fato não existe. Melhor deixar dar o último suspiro àquilo que não tem mais como viver de forma digna e me refiro aqui a relacionamentos amorosos não correspondidos.
Tudo perde o sentido quando tu deixas de ser teu cúmplice para te tornares o algoz de tua própria alma, aprisionando o teu ser em quimeras descabidas, sendo necessário desconectar o teu coração de quem não reconhece teus sentimentos, do que não pode ser contigo ou do que não pode vir a ser.
Não tenhas medo da tua solitude ou mesmo da tua solidão. Melhor uma solidão triste mas realista e bem digerida a ilusões que embalsamam (in)verdades que transbordam num cálice quebrado onde tudo já se esgotou.
Por que um dia a tristeza nua e crua que não engana e que não omite, que não se estende no que é irreal um dia dará espaço para uma felicidade plena sem os embustes que nós mesmos criamos para nos engaiolarmos, seja por acreditar demais no outro ou por alimentar expectativas infundadas. Isto chama-se armadilha, autossabotagem e embuste que criamos em prol de uma falsa felicidade pautada num outro.
Que tu tenhas coragem de abandonar o campo infértil e não retornar nunca mais. Tu tens o poder de contornar a rota e empreender novos caminhos, novas oportunidades, dentre uma que insiste em permanecer, mas que não há terreno, sequer semente para que se germine nada. Quando isto acontecer, tu deves procurar outros caminhos, pois a vida é ilimitada e próspera, não te condiciones num caminho íngreme.
Tiras o foco de quem não te tem como foco. Dê adeus definitivo às ilusões que alimentastes sem algum retorno, porque na economia da vida, a paciência não deve ser confundida com o que não merece ser investido, tampouco esperado.
Que tu tenhas o carinho que te aceita e te acolhe; que sejas a tua mão a que te afaga e que acolhe teus sentimentos antes que qualquer pessoa o faça. Qual o sentido na expectativa de ser amado por alguém a quem desejas correspondência, se esta pessoa já provou por qualquer motivo que seja que isto não é possível?
Texto de Soraya Rodrigues de Aragao
Fonte: https://sorayapsicologa.com/nao-temas-a-tua-solidao-mas-sim-o-desprezo-de-quem-nao-te-correspondes/
Soraya Rodrigues de Aragão é psicóloga, psicotraumatologista, escritora e palestrante. Realizou seus estudos acadêmicos na Unifor e Università di Roma. Equivalência do curso de Psicologia na Itália resultando em Mestrado. Especializou-se em Psicotraumatologia pela A.R.P. de Milão. Especializanda em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde - Universidad San Jorge (Madri) e Sociedad Española de Medicina Psicosomática y Psicoterapia. Sócia da Sociedade Italiana de Neuropsicofarmacologia e membro da Sociedade Italiana de Neuropsicologia. Autora do livro Fechamento de Ciclo e Renascimento: este é o momento de renovar a sua vida. Edições Vieira da Silva, Lisboa, 2016; e do Livro Digital: "Transtorno do Pânico: Sintomatologia, Diagnóstico, Tratamento, Prevenção e Psicoeducação. É autora do projeto «Consultoria Estratégica em Avaliação Emocional». Sites: www.sorayapsicologa.com & www.alquimiadavida.org